Em uma entrevista exclusiva a Rede QDM de Televisão, o Pagé Rosivaldo, representante da tribo Caeté, compartilhou sua trajetória marcante: a saída da comunidade indígena rumo à cidade grande e o processo de troca de saberes que tem aproximado cada vez mais o mundo indígena da sociedade urbana.
Pagé Rosivaldo conta que, diferente do que muitos pensam, não foram os indígenas que buscaram a cidade primeiro. “O povo da cidade é que veio até nós. Eles tinham coisas que não tinhamos e viram na nossa sabedoria uma resposta para questões da natureza e na prevenção de doenças com produtos naturais da floresta”, explica. A partir desse contato, começou uma troca rica e transformadora.
Enquanto os moradores da cidade levaram novas tecnologias e formas de comunicação para dentro das aldeias, os indígenas ofereceram seus conhecimentos ancestrais sobre a natureza, a medicina natural e o cuidado com o corpo e o espírito.
“Trouxemos o que sabíamos sobre as plantas, os remédios da terra, e com o tempo fomos aprendendo com eles também. Foi uma via de mão dupla que uniu os dois mundos”, destaca.
Essa aproximação se intensificou ainda mais com a chegada da tecnologia. Mesmo com acesso a internet e redes sociais, Rosivaldo frisa que nunca abriram mão de suas raízes, A tradição e a cultura continuam vivas. A tecnologia só ajuda a levar nossa voz mais longe.
Hoje, Pagé Rosivaldo ministra palestras e cursos voltados à qualidade de vida, saúde natural e alimentação consciente. Ele afirma que seu maior objetivo é preservar e compartilhar o conhecimento que recebeu dos seus antepassados.
“Não posso levar esse conhecimento comigo para o túmulo. Não tem mais muitos como eu para ensinar. O que sei precisa ser passado adiante.”
A sabedoria do Pagé Rosivaldo representa um chamado à reconexão com a natureza e aos saberes tradicionais. Sua voz ecoa como um lembrete de que o futuro pode – e deve – caminhar ao lado da ancestralidade.
Texto: Rodrigo Franco