O documento foi encaminhado ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues
O ministério do Esporte oficializou nesta sexta-feira o pedido de paralisação do Campeonato Brasileiro em razão do estado de calamidade pública decretado pelo Governo do Estado do Rio do Sul. O documento é assinado pelo titular da pasta, André Luiz Carvalho Ribeiro, o Fufuca. O documento foi encaminhado ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.
O texto assinado eletronicamente às 12h48 desta sexta-feira diz: “Com os meus cordiais cumprimentos, em atenção ao Estado de Calamidade Pública decretado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, na forma do Decreto nº 57.596, de 1º de maio de 2024 e reconhecido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, conforme Portaria nº 1.377/2024, publicada à página 1, da Seção 1 – Extra C, da edição nº 85-C do Diário Oficial da União de 5 de maio de 2024, solicito que seja realizada a paralisação do Campeonato Brasileiro de Futebol/2024.
O ofício cita ainda: “diante da catástrofe que se segue, a solicitação se faz necessária muito além dos estádios de futebol, campos de treinamento, concentração e local físico onde todos envolvidos no esporte circulam, mas por todas as pessoas, familiares e seus entes que se doam neste momento na sobrevivência e reconstrução de casas e tudo mais afetado.
O documento menciona as perdas causadas pela tragédia. “Importa-se mencionar que, de acordo com o último boletim da Defesa Civil, já chega a 107 o numero de mortes por causa das chuvas; 134 desparecidos, e a quantidade de pessoas desalojadas já passam de 330.000. No total, 1,74 milhão de gaúchos foram afetados de alguma forma pelas enchentes. Chega a 431 o número de municípios atingidos, o equivalente a mais de 80% das cidades do estado. Ou seja, é desoladora a situação em que se encontram jogadores e familiares, de forma imensurável o quanto o físico e psicológico desses atletas foi afetado”.
O documento assinado por André Fufuca conclui: Assim, em razão de tão fortes chuvas que atingem o Estado do Rio Grande do Sul desde o dia 29/04/2024 e, sendo de amplo conhecimento no Estado Brasileiro a tragédia que se instaura naquele estado da Federação, entende-se também que todo o País está envolvido no apoio aos jogadores e familiares, bem como a toda a população daquela região. Por todo o exposto, estas são as razões da presente solicitação, para que seja paralisado do Campeonato Brasileiro de Futebol deste ano de 2024.
André Fufuca havia sinalizado essa decisão na noite de quinta-feira em entrevista à ESPN. “Diante do cenário de calamidade pública e das severas consequências das enchentes para a população do Rio Grande do Sul, defenderemos junto à CBF a suspensão temporária Campeonatos Brasileiros de Futebol masculino e feminino”, afirmou ao canal. “Deveria ser paralisado. É um prejuízo humanitário e esportivo. Parar por duas semanas seria razoável. Enviaremos ofício nesta sexta-feira para a CBF, nos colocando à disposição para dialogar e encontrar um caminho conjunto”.
O que diz a CBF
No Rio, o presidente Ednaldo Rodrigues se manifestou sobre o pedido do Ministério Esporte e empurrou a decisão para o Conselho Técnico, a reunião entre os clubes realizada na entidade para debater assuntos sobre os diferentes torneios. “A CBF, quando define uma competição, faz reuniões de conselho técnico da Série A, da B, da C, da D e também das competições de base. Se se pede uma paralisação, nós vamos dar conhecimento a cada clube, a cada Série desses clubes, para que eles possam se posicionar com relação ao documento do Ministério do Esporte. E, a partir daí, se for necessário, reunir o conselho técnico para que eles possam deliberar”, disse Ednaldo.
O presidente acrescentou: “Podemos parar toda a competição? Se sim, como faz com as competições internacionais que seguem? Entendeu? Até porque já estão se afunilando. Faltam duas rodadas para uma fase da Libertadores e também, se não me engano, da Sul-americana”, afirmou.
Ednaldo Rodrigues reforçou a força dos clubes e não da entidade. Até o momento, Grêmio, Internacional e Juventude pediram a paralisação. “O poder da CBF não é um poder supremo e absoluto. É um poder limitado. Assim como fizemos a reunião de Conselho Técnico com todos os clubes de Série A, Série B, Série C, Série D e de competições de base, nós faremos também, entendeu? A partir do momento que os próprios clubes entendam que tem que deliberar sobre esse assunto. No momento, nós estamos sintonizados diretamente através dos clubes do Rio Grande do Sul e a sua federação. E aquilo que foi solicitado dos clubes, através da Federação Gaúcha, a CBF atendeu integralmente, que foi exatamente o adiamento da competição (na verdade dos jogos de Grêmio, Inter e Juventude) até o dia 27 de maio. Tudo que acontecer daqui para frente, a gente vai ter que conversar também com os clubes e todas as divisões do futebol”, encerrou o presidente da CBF.