Por Redação Interior Campinas, 05/12/2024
Dados do Censo 2022 revelaram que 140.784 pessoas, o equivalente a 12,35% da população de Campinas, vivem em favelas ou comunidades urbanas. Com esse número, o município ocupa a 19ª posição nacional entre as cidades com mais moradores nessas condições. A pesquisa, realizada pelo IBGE em parceria com a CUFA e o Data Favela, marca um passo importante para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas a esses territórios.
Parque Oziel: um símbolo de luta pela dignidade
O Parque Oziel, uma das maiores ocupações urbanas do Brasil, representa os desafios enfrentados por esses moradores. Apesar dos avanços, a região ainda sofre com a falta de regularização fundiária, saneamento básico, opções de lazer e infraestrutura adequada. A luta por direitos básicos continua desde 1997, quando a área foi ocupada.
- Moradia e regularização: Moradores como Elaine Oliveira apontam a regularização e a posse definitiva como os maiores anseios da comunidade. O termo de uso ainda é a única garantia formal, enquanto os processos judiciais pela escritura se arrastam.
- Impacto social e ambiental: Problemas como enchentes, pragas e lixo acumulado agravam a vulnerabilidade. O Córrego da Matinha, com forte odor e esgoto a céu aberto, exemplifica a precariedade ambiental na região.
- Ações comunitárias: A Associação dos Moradores desempenha papel crucial, promovendo iniciativas como campanhas de saneamento, ações odontológicas e distribuição de alimentos.
Desafios além de Campinas
A realidade das comunidades urbanas em Campinas reflete um quadro nacional. Segundo o IBGE, 16,4 milhões de brasileiros vivem em favelas, o que equivale a 8,1% da população nacional. Problemas como habitação inadequada, acesso desigual a serviços públicos e riscos ambientais são comuns em todo o país. Estados da região Norte, como Amazonas e Pará, registram as maiores proporções de moradores em favelas.
Políticas públicas: entre avanços e lacunas
Embora a Prefeitura de Campinas destaque a regularização de 52 núcleos urbanos desde 2021, beneficiando 40 mil pessoas, especialistas como o demógrafo Roberto Luiz do Carmo alertam para a necessidade de políticas mais abrangentes. A ideia do “direito à cidade”, que inclui acesso universal à infraestrutura e serviços, é vista como central para superar a exclusão urbana