Por Leo Godinho
No dia 01 de dezembro de 1822, Dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil, foi coroado, marcando um dos eventos mais significativos da história do país. No dia 02 de dezembro de 1825, nascia Dom Pedro II, que assumiria o trono com apenas cinco anos e governaria o Brasil até a proclamação da República, em 1889. Contudo, é alarmante como essas duas datas fundamentais para a formação do Brasil como nação têm sido esquecidas ou minimizadas, tanto no campo acadêmico quanto na memória popular.
A Coroação de Dom Pedro I – 01/12/1822: Um Marco Político
A coroação de Dom Pedro I não é apenas um evento de grande relevância histórica, mas um simbolismo da constituição de um Brasil independente. Em 1822, o país passava por um processo de transição de colônia portuguesa para uma nação soberana. O episódio de 01 de dezembro representou a oficialização do papel de Dom Pedro I como imperador e o fortalecimento do poder centralizado, algo fundamental para a estabilidade do recém-criado Império Brasileiro.
Esse evento e sua relevância têm sido apagados, muitas vezes, em prol de uma narrativa republicana que visa focar em momentos que justificam a queda da monarquia e a transição para um regime republicano. A República, que se instaurou com o Golpe de 15 de novembro de 1889, muitas vezes busca silenciar a importância do Império e a sucessão dinástica, distorcendo a visão do que significou o Brasil imperial em termos de governabilidade, estabilidade e formação da identidade nacional.
O Nascimento de Dom Pedro II – 02/12/1825: Um Imperador Que Representava a Continuidade do Estado Brasileiro
Quatro anos após a coroação de Dom Pedro I, em 02 de dezembro de 1825, nascia Dom Pedro II. O segundo imperador do Brasil, ainda jovem, assumiria o trono aos cinco anos, após a abdicação de seu pai, Dom Pedro I, em 1831. Apesar da pouca idade, Dom Pedro II manteve o Império Brasileiro com uma impressionante estabilidade política e econômica, especialmente durante o seu governo mais maduro, no Segundo Reinado.
A capacidade de Dom Pedro II em preservar a integridade do Império, mesmo em um contexto de crescente insatisfação popular e pressões internas e externas, é um exemplo de governança de Estado, que vai além das limitações de um governo pessoal. Durante o Segundo Reinado, a política de estabilidade, busca pela modernização do país, incluindo investimentos em infraestrutura, educação e ciência, e a adaptação do país às demandas internacionais, mostram uma gestão focada no bem-estar e no desenvolvimento do Brasil enquanto nação.
A narrativa republicana, ao minimizar a relevância das datas de 01/12 e 02/12, distorce a trajetória política do Brasil imperial e faz um desserviço à história do país. A transição da monarquia para a República não se deu de forma natural ou pela falência de um modelo que não atendia mais às necessidades da população, como muitos sugerem. Na verdade, o Império, especialmente no Segundo Reinado, tinha uma agenda de Estado que buscava consolidar e fortalecer a nação brasileira, com políticas voltadas para o desenvolvimento e a estabilidade.
O Império e o Governo de Estado: Uma Contraposição à República e Seus Mandatos
Uma das críticas mais pertinentes à República Brasileira é o fato de que desde sua instauração, os governos no Brasil passaram a ser caracterizados por um modelo de “mandato”, e não de “Estado”. Isto é, ao contrário do que se via no Império, onde o plano de governo transcendia os indivíduos que estavam no poder, a República introduziu uma lógica política que busca atender aos interesses momentâneos de governos sucessivos, sem um planejamento de longo prazo para o país.
Durante o Império, o Brasil tinha uma estabilidade política que permitia a implementação de reformas estruturais de grande envergadura, como a abolição da escravidão e a introdução de um sistema republicano de educação, que visavam a construção de uma nação mais integrada, justa e moderna. Além disso, as monarquias tinham um elemento simbólico e estruturante que, ao contrário da ideia de “governos mandatários” na República, viabilizava projetos que durariam décadas e atravessariam gerações. A filosofia política que orientava o Império tinha um compromisso com o país, não com o poder momentâneo.
Na República, esse compromisso com o longo prazo tem se mostrado frágil. A alternância de poder, os interesses eleitorais e a falta de continuidade em políticas de Estado têm causado uma fragmentação do projeto nacional. Enquanto a monarquia se preocupava com a construção do Estado brasileiro, a República, por vezes, parece mais preocupada com os interesses de curto-prazismo político.
Conclusão: Uma Revisão Necessária da Nossa História
O esquecimento das datas de 01/12 e 02/12 reflete uma tentativa de construir uma narrativa republicana que omite um dos períodos mais importantes da história brasileira. Ao ignorarmos o significado da coroação de Dom Pedro I e o nascimento de Dom Pedro II, estamos não apenas apagando o Império da nossa memória coletiva, mas também deixando de aprender com as lições de estabilidade e planejamento que caracterizaram o Brasil imperial.
O modelo de governo do Império, com suas políticas de Estado focadas no bem-estar do país, contrasta com o modelo republicano que, por diversas vezes, tem se perdido em agendas políticas de mandato. É preciso revisar essa visão da nossa história e reconhecer a importância do período imperial, especialmente para entendermos a falta de um plano nacional contínuo desde a República e as consequências disso para o Brasil contemporâneo.
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O correto é texto espetacular.
Como sempre, didático, simples, objetivo e límpido como água cristalina. Você me fez viajar para esse tempo remoto como se eu estivesse lá, me fez ter um sentimento saudoso de algo que eu não vivi, porém, gostaria de ter vivido. Que pena que a república substituiu a monarquia, pois graças à república, vivemos tempos sombrios que causam terror e insegurança, que na busca do poder e lucro às custas da justiça e da integridade moral, rouba nossos direitos e felicidade. Obrigado por trazer a tona essas duas datas importantes da nossa vida.