Redação
O líder da oposição síria, Mohamed al-Bashir, anunciou nesta terça-feira (10) que assumirá interinamente o cargo de primeiro-ministro da Síria até o dia 1º de março de 2025. O anúncio ocorre no contexto de intensas negociações entre grupos da oposição e membros do governo remanescente de Bashar al-Assad, em meio ao cenário de instabilidade no país.
O fim do governo Assad e sua fuga
Bashar al-Assad, que governou a Síria por 24 anos, fugiu do país no último fim de semana após a tomada de Damasco pelo grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo rebelde jihadista. A situação representa uma virada significativa no cenário político da Síria, com a queda de um regime que manteve-se no poder com o apoio da Rússia, Irã e Hezbollah.
A nova liderança da oposição
Mohamed al-Bashir, até então líder na região rebelde de Idlib, está assumindo o papel de primeiro-ministro interino em meio ao processo de reconstrução de uma nova estrutura governamental para a Síria. Ele será uma figura chave nas conversas com o objetivo de estabelecer um governo de transição estável no país.
Além dele, figuras importantes da oposição, como Abu Mohammed al-Golani, chefe do HTS, participam ativamente das discussões para formar uma nova ordem política no cenário pós-Assad. O atual cenário também inclui remanescentes do governo Assad, como o atual primeiro-ministro Mohammed Jalali, tentando negociar suas posições na nova configuração de poder.
Geopolítica e implicações regionais
O cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que a queda de Assad e a escalada dos conflitos na Síria têm implicações significativas para toda a dinâmica do Oriente Médio. Ele destaca que a perda de apoio dos principais aliados de Assad, como Irã, Rússia e Hezbollah, ajudou a abrir espaço para que grupos rebeldes recuperassem posições estratégicas no território sírio.
Além disso, fatores como a guerra da Rússia na Ucrânia e tensões entre Irã e Israel têm contribuído para diminuir o apoio direto ao regime de Assad, enfraquecendo seu controle e sua capacidade de responder à ofensiva rebelde.
Rússia concede asilo político a Assad
No cenário internacional, a Rússia já teria concedido asilo político a Bashar al-Assad e sua família. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou a decisão, atribuída diretamente pelo presidente Vladimir Putin. A informação foi reportada pela agência Tass no último domingo (9), indicando que Assad e sua família estariam agora em Moscou.
O Kremlin, no entanto, evita confirmar oficialmente a localização de Assad. A fuga de Assad e sua retirada para a Rússia representam um gesto estratégico com impacto direto na dinâmica política e militar da Síria.
O futuro da Síria e o cenário de incertezas
O cenário atual na Síria está longe de ser claro. O retorno da oposição ao poder e a transição liderada por al-Bashir e seus aliados apresentam um desafio político sem precedentes, especialmente devido à falta de coesão entre os diferentes grupos opositores e o vácuo de poder deixado após a queda de Assad.
Com aliados chave como Irã e Rússia reduzindo sua influência no conflito e o avanço da oposição em território sírio, a situação continuará sendo uma peça chave no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio.