O clima prejudicou a colheita nas lavouras e elevou os preços de alguns itens alimentícios , segundo o IBGE

Problemas climáticos, como o excesso de chuvas e as ondas de calor, prejudicaram a colheita nas lavouras e elevaram os preços de alguns itens alimentícios em novembro. O aumento no custo da alimentação respondeu por quase metade da inflação de 0,28% registrada em novembro pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) — uma contribuição de 0,13 ponto porcentual.

“As temperaturas mais altas e o maior volume de chuvas em diversas regiões do Brasil são fatores que influenciam a colheita de alimentos, principalmente os mais sensíveis ao clima, como os tubérculos, os legumes e as hortaliças”, explica André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O grupo alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,31%, em outubro, para um aumento de 0,63%, em novembro, segundo os dados do IBGE.

A alimentação para consumo no domicílio subiu 0,75% em novembro. As famílias pagaram mais neste último mês pela cebola (26,59%), batata-inglesa (8,83%), arroz (3,63%) e carnes (1,37%).

Segundo Almeida, os problemas climáticos afetaram os produtos mais sensíveis ao clima, por isso os preços subiram em novembro. No caso das carnes, a pressão no preço ocorre após um período prolongado de quedas, além de responder também a um ciclo natural de produção da pecuária.

Na direção oposta, ficaram mais baratos em novembro o tomate (-6 69%), a cenoura (-5,66%) e o leite longa vida (-0,58%). “A temperatura mais alta acelera a maturação do tomate. Os produtores foram obrigados a disponibilizar mais o produto no mercado, há maior oferta do produto”, justificou Almeida

Para a economista Nadja Heiderich, professora da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), as temperaturas acima de 40°C estão prejudicando o crescimento das lavouras, o que pode levar a uma redução da produtividade e, consequentemente, a um aumento nos preços dos alimentos.

“No Brasil, o aumento dos preços dos alimentos pode afetar a população mais pobre, que gasta uma parcela maior da renda com alimentação”, avalia a economista.

Segundo Nadja, as ondas de calor estão afetando principalmente as lavouras de milho e soja da segunda safra, que é plantada no segundo semestre do ano. Essa safra é responsável por cerca de 70% da produção total desses dois grãos do Brasil. De acordo com informações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a onda de calor pode reduzir a produtividade da soja em até 10% e a do milho, em até 15%.

“A soja e o milho são as principais culturas agrícolas do Brasil, responsáveis por cerca de 40% da produção total de grãos do país. A soja é o principal produto de exportação agrícola do Brasil, e o milho é um importante ingrediente para a alimentação animal e humana”, afirma Nadja.

Uma redução na produção de soja pode levar a uma diminuição da oferta global, o que acarreta aumento dos preços do produto e de outros produtos derivados, como o óleo e a farinha de soja. O óleo de soja é usado na produção de uma série de produtos alimentícios, como biscoitos, salgadinhos e maionese.

Já a redução na produção de milho pode levar a um aumento dos preços e impactar o abastecimento de ração para o gado, afetando carne, leite e derivados.

“A onda de calor também pode afetar a produção de outros alimentos, como frutas, legumes e verduras. Esses alimentos são importantes para a segurança alimentar do país, e uma redução na produção pode levar a uma escassez e a um aumento dos preços”, alerta a docente.

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