Por Redação – 15/12/2024

A Força Aérea Brasileira (FAB) avalia uma transição estratégica para modernizar sua frota de aeronaves de combate, considerando a substituição dos F-5 Tiger II por caças mais modernos. Entre as opções em análise está o Tejas, caça leve de origem indiana, que oferece um conjunto de tecnologias avançadas a custos potencialmente competitivos. Essa escolha, entretanto, levanta questões sobre a viabilidade logística e operacional para um país que ainda enfrenta desafios significativos em sua política de defesa.

O contexto da decisão

De acordo com o Times Now, o comandante da FAB, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, reuniu-se recentemente com líderes militares indianos para discutir parcerias em diversos setores, incluindo caças, helicópteros, satélites e aeronaves de transporte. Durante o encontro, Damasceno confirmou que o Tejas é uma das opções analisadas para substituir a envelhecida frota de F-5, programada para aposentadoria em 2030.

A FAB atualmente opera com os caças F-5 e Gripen-E, sendo que o último é o pilar da modernização de sua frota. Contudo, para manter um mínimo de dois ou três modelos de aeronaves de combate, a aquisição de um caça leve, como o Tejas, é considerada estratégica. “Precisaremos de talvez dois tipos a mais quando o F-5 for desativado”, afirmou Damasceno.

Embora a modernização da frota seja crucial, a escolha do Tejas levanta dúvidas sobre a integração de uma nova plataforma de origem estrangeira em um contexto que já exige considerável esforço para consolidar o Gripen-E como peça central da aviação de combate brasileira.

O que o Tejas oferece?

Desenvolvido pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL), o Tejas foi projetado para substituir os MiG-21 da Força Aérea Indiana e, ao longo de sua evolução, incorporou avanços como radar AESA, sistemas de guerra eletrônica (EW) de última geração e capacidade de operar em múltiplos cenários de combate.

Características principais do Tejas Mk1A:

Apesar dessas capacidades, a decisão de incorporar o Tejas deve ser analisada à luz das condições geopolíticas e operacionais do Brasil. A introdução de um novo sistema implica custos adicionais em treinamento, manutenção e infraestrutura, além do desafio de integrar essa plataforma em uma estratégia que já inclui o avançado Gripen-E.

A lacuna deixada pelos helicópteros russos

Outro ponto crítico discutido entre Brasil e Índia foi a necessidade urgente de reforçar a frota de helicópteros de combate. Desde a aposentadoria dos helicópteros Mi MIL de origem russa, a FAB enfrenta um vazio em sua capacidade de realizar missões táticas e de suporte aéreo próximo, especialmente em áreas sensíveis como a Amazônia.

O Brasil, que atualmente opera sete esquadrões de helicópteros, busca ampliar sua frota com até 24 novas unidades. Os modelos indianos Dhruv e Prachand, fabricados pela HAL, foram apresentados como alternativas viáveis para preencher essa lacuna. Além de versatilidade em combate, essas aeronaves podem desempenhar papéis cruciais em missões de resgate e operações humanitárias em regiões de difícil acesso.

O C-390 Millennium e a aposta na indústria nacional

No campo do transporte militar, o Brasil também apresentou à Índia o Embraer C-390 Millennium, apontado como uma alternativa moderna e eficiente ao clássico C-130 Hercules. Com uma taxa de prontidão operacional superior a 97% e capacidade de carga similar à do modelo americano, o C-390 já se consolidou como uma das principais aeronaves de transporte médio em operação global.

Para ampliar a competitividade no mercado internacional, a Embraer negocia a possibilidade de fabricar o C-390 na Índia, alinhando-se à política local de incentivo à produção nacional (Make in India). Essa estratégia pode abrir novos mercados para o avião brasileiro e fortalecer os laços bilaterais entre os dois países.

Uma decisão estratégica ou um desafio operacional?

Embora a modernização da frota da FAB seja inegavelmente necessária, a introdução de novos equipamentos, como o Tejas e helicópteros de origem indiana, exige um planejamento criterioso. O Brasil precisa garantir que as escolhas reforcem suas capacidades de defesa sem comprometer a eficiência logística e a sustentabilidade financeira.

O possível reforço com helicópteros, somado à consolidação do C-390 e à análise de novos caças, reflete a busca por maior autonomia estratégica e diversificação de parcerias internacionais. Contudo, as decisões tomadas nos próximos anos definirão se essas aquisições serão um avanço real ou mais um entrave para uma defesa que já enfrenta desafios significativos.

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