Por Eurico Filho

A tese arminiana/remonstrante defende que, com a graça preveniente – que para os calvinistas é entendida como graça comum –, o homem é momentaneamente ressuscitado, sendo regenerado de forma a poder dizer “sim” ou “não” ao evangelho. Essa graça traz iluminação ao entendimento do homem, morto em seus pecados, tornando-o vivo momentaneamente para receber ou rejeitar a salvação.

No entanto, a graça salvadora é descrita nas Escrituras como um dom, um presente ou favor não merecido. Essa graça especial não abre apenas a possibilidade de salvação, mas é concedida para efetivamente regenerar, salvar e ressuscitar o homem, dando-lhe uma nova vida. Um eleito nunca rejeita a Deus ou Sua Palavra, pois, ao receber essa graça, o amor de Deus é derramado em seu coração pelo Espírito Santo, tornando-o templo e propriedade exclusiva de Deus, filho de Deus, e parte da noiva santa e fiel de Cristo. Além disso, a justificação, imputada ao eleito, reflete na nova natureza divina que lhe é dada no novo nascimento.

Na regeneração, é concedida a mente de Cristo, um novo coração de carne com a lei de Deus escrita nele. Surge então a pergunta: como alguém já vivificado pode dizer “não” a Deus, se o propósito dessa regeneração é justamente capacitá-lo a dizer “sim” à salvação? A Bíblia ensina que muitos são chamados, ou seja, o evangelho é pregado a todos, mas poucos são escolhidos – somente os eleitos despertam da morte espiritual. O mesmo poder que ressuscitou Jesus é manifestado na ressurreição dos eleitos. Como, então, essa obra, parte do plano de um Deus presciente, onipotente e imutável, não garantiria segurança ao eleito até o fim?

Deus não muda. Se Ele ama alguém, nunca deixa de amá-lo, apesar de suas falhas. Deus disciplina Seus filhos, como fez com Davi, mas não os trata como bastardos. O Arminianismo, porém, sugere que o eleito pode perder a salvação, o que gera medo e leva o indivíduo a tentar garanti-la por seus próprios esforços. No entanto, a Bíblia ensina que devemos confiar na graça – por definição, imerecida – até o fim. O amor de Deus não traz medo, mas confiança e gratidão, como demonstra a história dos devedores: quanto maior a dívida perdoada, maior a gratidão.

Sobre a parábola do semeador, interpretações baseadas no Arminianismo podem sugerir a perda da salvação, enquanto na perspectiva calvinista, o texto comprova que alguns sofreram apenas uma iluminação temporária, mas nunca foram regenerados. Exemplos como o de Simão, o mágico, que abandonou a fé e perseguiu a Igreja, ilustram aqueles que nunca chegaram ao verdadeiro conhecimento da salvação.

Concluo que a salvação do homem está fundamentada num termo jurídico: “justificação”. Essa justificação não é uma retribuição ao pecador, mas uma imputação da justiça divina. O pecador, que ofendeu a Deus, é declarado justo pelo próprio Deus. Esse perdão é concedido por misericórdia, por meio do sacrifício de Jesus Cristo, que pagou a pena no lugar do ofensor, anulando suas transgressões. Receba a fé salvadora e experimente o poder transformador e salvador do Senhor Jesus, o Cristo de Deus.

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