Por Leo Godinho
A recente morte dos suspeitos ligados ao assassinato do ex-ator mirim João Rebello, em uma operação da Polícia Militar da Bahia, levanta questões importantes sobre a forma como a mídia brasileira retrata ações policiais em diferentes estados. Enquanto em estados como São Paulo e Rio de Janeiro as operações das polícias militares são frequentemente alvos de severas críticas, em estados governados por partidos de esquerda, como a Bahia, as mesmas ações parecem receber um tratamento mais brando, mesmo com dados alarmantes.
O caso João Rebello e a ação da PM da Bahia
João Rebello foi encontrado morto em 24 de outubro, após ser baleado dentro de um veículo em Trancoso, na Bahia. Sua mãe, Maria Rebello, afirmou que ele foi “morto por engano”, ao ser confundido com outra pessoa pelos criminosos. Dois meses após o crime, uma operação policial resultou na morte de dois suspeitos, identificados como Anderson Nascimento Sena (“Danda”) e outro homem conhecido como “Kuririn”. A ação também resultou na apreensão de drogas, armas e munições.
Apesar da gravidade do caso e do confronto que culminou em duas mortes, não se observou, por parte da mídia mainstream, a mesma narrativa de críticas intensas e questionamentos sobre supostos abusos policiais, como comumente ocorre em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
A narrativa da mídia em estados do Sudeste
Nos estados do Sudeste, principalmente em São Paulo, as ações da Polícia Militar frequentemente são descritas sob uma ótica de “genocídio da população negra e jovem”, independentemente dos resultados das operações. Em diversos casos, as manchetes priorizam a crítica, muitas vezes omitindo contextos que justificam o uso da força policial.
Entretanto, na Bahia, que é governada por partidos de esquerda há anos, há uma tendência de menor escrutínio midiático, mesmo diante de dados que indicam uma quantidade significativamente maior de mortes em autos de resistência. Isso contrasta com o tratamento dado à PM de São Paulo, amplamente reconhecida por sua eficácia e por atuar em um dos estados mais populosos e economicamente ativos do país.
Dados comparativos das PMs
Segundo estatísticas recentes, a Polícia Militar da Bahia apresenta um número de mortes em autos de resistência superior ao de São Paulo. Essa diferença é ainda mais notável quando se considera que a Bahia possui uma população negra proporcionalmente maior. Apesar disso, não se vê a mesma intensidade de críticas envolvendo discursos de genocídio ou violações de direitos humanos.
Em São Paulo, as ações policiais são constantemente acompanhadas de cobranças e manchetes que, muitas vezes, ignoram o contexto de enfrentamento ao crime organizado. Esse enfoque contrasta diretamente com a narrativa mais discreta e, por vezes, condescendente utilizada ao relatar situações semelhantes em estados do Norte e Nordeste.
A eficiência e os desafios das polícias
É inegável que as polícias militares enfrentam desafios enormes em todo o Brasil. Seja no combate ao tráfico de drogas, seja na atuação em regiões de alta vulnerabilidade social, o trabalho das PMs é vital para a manutenção da ordem. No entanto, é fundamental que as narrativas sobre sua atuação sejam equilibradas e baseadas em dados concretos, e não em agendas político-ideológicas.
A Polícia Militar de São Paulo, por exemplo, destaca-se pela alta taxa de resolutividade de crimes e pela organização em suas operações. Esse tipo de reconhecimento, entretanto, é muitas vezes ofuscado por discursos que ignoram os resultados positivos e se concentram exclusivamente em narrativas de violência estatal.
O peso das ideologias políticas
Uma análise crítica deve considerar como o alinhamento político dos estados influencia a percepção pública sobre suas polícias. Estados governados por partidos de esquerda, como a Bahia, tendem a enfrentar menor pressão midiática, mesmo diante de indicadores alarmantes de violência policial. Por outro lado, estados como São Paulo e Rio de Janeiro frequentemente têm suas polícias colocadas sob a lupa de forma desproporcional.
É essencial que o debate sobre segurança pública no Brasil seja conduzido de forma justa e baseada em evidências. Não se pode permitir que ideologias ou narrativas enviesadas comprometam a análise de um tema tão sensível. A eficiência policial deve ser reconhecida e aprimorada em todo o país, sempre com transparência e responsabilidade, mas também com um olhar crítico que transcenda interesses políticos e ideológicos.