Deutsche Welle
Atualizado em 15/12/2024 – 17h34
A inteligência militar ucraniana afirmou que tropas da Coreia do Norte estão sendo utilizadas em “números significativos” pela Rússia para realizar ataques contra forças ucranianas na região de Kursk. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou a informação neste sábado (14) e classificou a ação como uma escalada alarmante no conflito.
“Já temos dados preliminares de que os russos começaram a usar soldados norte-coreanos em seus ataques. Um número significativo deles”, disse Zelensky em pronunciamento. Ele destacou ainda que há possibilidade de que essas tropas sejam usadas em outras partes da linha de frente.
A presença norte-coreana no conflito
Embora forças norte-coreanas já tivessem sido identificadas na região de Kursk em outubro, os confrontos eram pontuais e em menor escala. Desta vez, a Ucrânia reporta o envolvimento de batalhões inteiros em ataques massivos. Segundo estimativas ucranianas, aproximadamente 11 mil soldados norte-coreanos estão lutando ao lado das tropas russas.
Até o momento, o governo russo não confirmou nem negou a presença de militares norte-coreanos em suas operações. Zelensky, contudo, apontou que “Moscou arrastou outro Estado para essa guerra”, reiterando que isso representa uma nova escalada no conflito.
Táticas de guerra: as ‘ondas vivas’
De acordo com o jornalista ucraniano Yuri Butusov, os ataques norte-coreanos seguem a estratégia conhecida como “ondas vivas”, utilizada pelos exércitos norte-coreano e chinês durante a Guerra da Coreia (1950-1953). A tática consiste em avançar em massa sem recuar para atender feridos, criando pressão constante sobre as defesas inimigas.
“Os soldados norte-coreanos avançaram rapidamente, ultrapassando algumas posições ucranianas. Sua velocidade e a recusa em evacuar feridos foram determinantes”, explicou Butusov.
Andrii Kovalenko, do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, afirmou que, apesar de sofrerem perdas significativas, os norte-coreanos conseguiram ocupar algumas áreas estratégicas. “Os russos estão contando com números para realizar operações de assalto com a ajuda desses soldados. A tarefa dos norte-coreanos é avançar sob fogo e ocupar certas posições”, escreveu no Telegram.
Uma guerra por posições e negociações
A Ucrânia iniciou uma incursão na região de Kursk em agosto, criando um enclave que poderia ser usado como moeda de troca em futuras negociações para encerrar a guerra. Em resposta, a Rússia intensificou suas operações, inclusive com ataques coordenados envolvendo tropas norte-coreanas.
Analistas avaliam que a Rússia busca consolidar avanços territoriais antes da posse de Donald Trump nos Estados Unidos, em janeiro de 2025, visando melhorar sua posição em possíveis negociações futuras. Neste domingo (15), Moscou anunciou a conquista de dois vilarejos estratégicos na região de Donbass, próximos a Pokrovsk, um importante ponto de suprimento para o exército ucraniano.
A ofensiva russa tem sido acompanhada de ataques aéreos intensificados. “Nesta semana, a Rússia utilizou cerca de 630 bombas guiadas, 550 drones e mais de 100 mísseis contra a Ucrânia”, declarou Zelensky em vídeo publicado no Telegram.
O envolvimento de tropas norte-coreanas no conflito representa um capítulo novo e preocupante na guerra, ampliando o número de atores internacionais diretamente ligados ao confronto.