Por Redação – Atitude New
14/12/2024, 21:02

Mais de 2 milhões de pessoas se reuniram nas proximidades da Assembleia Nacional da Coreia do Sul neste sábado (14/12) para acompanhar a votação histórica que resultou na aprovação do impeachment do presidente Yoon Suk Yeol. A celebração popular incluiu coreografias de k-pop e até uma batucada ao estilo brasileiro, em um clima que mesclava alívio e comemoração após dias de tensão política.

O impeachment, aprovado com 12 votos de dissidentes do partido governista — quatro a mais do que o necessário —, foi acompanhado por manifestações massivas, mesmo com temperaturas próximas a 2°C e acesso restrito ao transporte público.

Cultura e protesto nas ruas

As celebrações começaram logo após a votação, por volta das 17h no horário local (5h em Brasília). Varinhas de LED, bandeiras coloridas e músicas pop dominaram a capital Seul. Algumas varinhas traziam nomes de grupos famosos como BTS e EXO, enquanto outras destacavam o slogan “tan ek” (impeachment, em coreano).

Bae Dong-il, ativista político, destacou que as manifestações refletem uma nova cultura de protesto que emergiu após o impeachment de Park Geun-hye, em 2017. “O protesto não é apenas uma resistência, mas também uma celebração coletiva”, afirmou.

Um dos símbolos mais inusitados do ato foi um javali de pelúcia, trazido por manifestantes para criticar o ex-presidente. Javalis são comuns em áreas urbanas da Coreia no inverno, tornando-se um tema irônico nas manifestações.

Mudança de poder e próximos passos

Com a aprovação do impeachment, as funções presidenciais foram transferidas ao primeiro-ministro. Agora, o processo segue para julgamento na Corte Constitucional, que terá até 180 dias para confirmar a decisão e convocar novas eleições.

Manifestações continuam

Mesmo com o resultado favorável, os manifestantes já planejam novos atos para pressionar a Corte Constitucional. Uma grande mobilização está marcada para o próximo sábado (21/12), na região de Gwanghwamun, um importante centro histórico e cultural de Seul.

Em contraste, os opositores do impeachment, reunidos em menor número na mesma praça, protestaram contra a decisão, com críticas ao impacto político e econômico da mudança.

Resistência solitária

Enquanto a maior parte da multidão retornava para casa, Park Da-hye, uma jovem de 26 anos, optou por passar a noite em frente à Corte Constitucional. “Quero mostrar meu apoio à democracia. Não é fácil, mas é importante estar aqui neste momento histórico”, afirmou.

O dia terminou com ruas esvaziadas e um clima de expectativa pelo desdobramento jurídico do processo. Para muitos sul-coreanos, a batalha política é apenas o começo de uma nova fase para o país.

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