São Paulo — Nas últimas semanas, o país tem observado um aumento expressivo nos casos de intoxicação por metanol — uma emergência de saúde grave, pois a substância é altamente tóxica e pode levar a sequelas irreversíveis ou à morte. O portal Atitudenew apurou as principais informações oficiais, sintomas, medidas de prevenção e o que está sendo feito para conter essa crise.
O que é metanol e por que é tão perigoso
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O metanol (também conhecido como álcool metílico) é diferente do etanol (álcool comum de bebidas). Quando ingerido, ele é metabolizado em compostos muito tóxicos como formaldeído e ácido fórmico, que atacam órgãos vitais, especialmente o sistema nervoso central e o nervo óptico, podendo levar à cegueira ou danos permanentes.
- Mesmo quantidades relativamente pequenas podem causar graves efeitos. A intoxicação pode ocorrer tanto por consumo de bebidas alcoólicas adulteradas quanto por ingestão de produtos que contêm metanol (solventes, produtos de limpeza, álcool de posto, etc.).
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Panorama atual no Brasil
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O Ministério da Saúde afirma que o número de casos suspeitos notificadas nos últimos meses ultrapassou o que normalmente se observa ao longo de um ano inteiro.
- Em São Paulo, foram registrados 39 casos em investigação de intoxicação por metanol, sendo 10 confirmados até o momento. Outros 4 casos estão sob investigação em Pernambuco.
- Óbitos confirmados: pelo menos um no estado de São Paulo; outros casos de morte estão sob investigação.
- O governo federal instalou uma Sala de Situação para monitoramento contínuo desses casos, articulação entre órgãos de saúde, segurança pública, vigilância sanitária, Anvisa, CIATox e Polícia Federal.
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Sintomas e sinais de alerta
Os sintomas nem sempre aparecem imediatamente — pode haver um atraso entre a ingestão do metanol e a manifestação dos sinais. A seguir os principais sintomas, segundo médicos e órgãos de saúde:
Período após ingestão | Sintomas iniciais | Sintomas posteriores / casos graves |
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Até ~6 horas | Dor abdominal intensa, tontura, náuseas e vômitos, confusão mental, dor de cabeça, sonolência, falta de coordenação, taquicardia, pressão arterial baixa. | — |
Entre 6-24 horas | Visão turva ou embaçada, fotofobia (sensibilidade à luz), perda ou alteração da visão das cores, convulsões, pupilas dilatadas, possivelmente coma. | |
Casos graves | Cegueira irreversível, insuficiência renal, choque, comprometimento do sistema nervoso central, pancreatite, e morte. |
Ações oficiais e protocolo de resposta
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Notificação obrigatória imediata: profissionais da saúde devem comunicar qualquer suspeita de intoxicação por metanol ao Sistema de Vigilância em Saúde, mesmo sem confirmação laboratorial.
- Investigação policial e regulatória está em curso: para rastrear a origem das bebidas adulteradas, identificar quem produziu/distribuiu, e responsabilizar criminalmente. A Polícia Federal já foi acionada.
- Sala de Situação instalada pelo Ministério da Saúde para coordenar ações entre diferentes esferas (estados, municípios, vigilância sanitária, etc.).
- Protocolos de atendimento clínico foram reforçados, com orientações sobre uso de antídotos (como etanol medicinal), apoio laboratorial, avaliação oftalmológica, e manejo de complicações (como acidose metabólica).
O que a população deve fazer — prevenção
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Evitar consumo de bebidas de origem duvidosa: sem rótulo, sem selo fiscal, sem lacre visível, adquiridas de vendedores ambulantes ou em locais com procedência desconhecida.
- Se for beber, observar cuidadosamente quando a bebida está sendo aberta na sua frente, quem preparou, se há lacre, selo… tudo isso ajuda a reduzir riscos.
- Ficar alerta aos sintomas, sobretudo dor abdominal intensa ou diferente do usual, alteração visual (visão embaçada, manchas, flashes), confusão mental ou mal-estar severo horas após o consumo.
- Buscar atendimento imediatamente se suspeitar de intoxicação. Quanto mais rápido for iniciado o tratamento, menores as chances de complicações graves.